quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A curiosidade leva-nos pelo caminho da descoberta

Há umas semanas decidimos fazer em parceria - a nossa sala e a sala da Carolina - uma área de experiências/ciências. Seria uma área partilhada entre as duas salas. Uma área onde podemos fazer descobertas, observações e encontrar outros pares de brincadeira. Começámos por procurar materiais que fariam sentido para esta área. Tínhamos alguns que vinham do ano passado, de partilhas que foram acontecendo e depois apareceram mais alguns objetos que eu e a Carolina trouxemos para provocar novas descobertas nas crianças. Alguns, percebemos logo o que eram, mas houve uma "coisa" que ali apareceu, que ninguém sabia o que era. Observámos, tocámos, formulámos hipóteses  ("Será uma flor?" ; "Não, é muito duro!" "Pica" ) e depois...


... a sugestão apareceu: "Vamos perguntar às outras salas?". Algumas crianças da minha sala e outras da sala da Carolina foram até ao edifício do pré-escolar e do 1º ciclo e colocámos a questão a crianças mais velhas. As hipóteses continuaram a surgir: "Será uma couve flor!" "Ou só uma couve!" "É um ser vivo, mas está morto!", "Parece uma alga do mar!" , "É onde vive o Nemo!" ," É um coral!" "São espinhos!" 


Voltámos à nossa sala, com muitas ideias e um livro emprestado, pela sala da Mariana, debaixo do braço. Eu imprimi em imagens as hipóteses que tínhamos recolhido. Um pequeno grupo, juntou-se à volta da mesa e entre as imagens impressas e o objeto que tínhamos à nossa frente, chegámos à conclusão que era um coral. Vimos no livro o que eram corais e registámos as nossas descobertas. 


A sala da Mariana emprestou-nos mais pedaços de corais que tinham para observarmos. Depois de tantas descobertas, fomos partilhar o nosso conhecimento com a sala da Carolina, num momento de comunicação. 


E quando temos dúvidas sobre o caminho que percorremos, 
basta olharmos para as crianças e seguirmos atrás delas, porque afinal 
"Todo o trabalho humano requer a idealização de um projeto" Sérgio Niza.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

A comunidade que nos envolve

Para lá da porta da entrada da nossa escola há um mundo que queremos conhecer. Mesmo do outro lado da rua existe um fantástico parque com um sem número de possibilidades que vamos aos poucos descobrir. Esta semana fomos, pela primeira vez, ao parque, com as salas da Marta Reis e da Carolina. Foi uma aventura todo o percurso. Os bebés mais pequeninos no carrinho, os mais velhos de mãos dadas. Sempre com muita atenção a tudo o que nos rodeava. O caminho dentro do parque, e até aos baloiços que eles tanto queriam descobrir, é cheio de folhas, ramos, pedras que todos queriam apanhar. A cada passo que dávamos uma nova descoberta. Quando finalmente vimos os escorregas, eles gritaram de alegria e correram para as diversões. Foi uma manhã em cheio.  


Ainda esta semana pudemos descobrir outro espaço que a comunidade tem para nos oferecer. Mesmo ali pertinho da escola, temos a quinta pedagógica dos Olivais. Sabemos que os animais são um grande interesse para as crianças desta idade. Assim, juntos novamente com as salas da Marta e da Carolina, fomos abrir a Quinta pela manhã. Todos os animais ali para nos receberem. E a quinta só para nós. 


Soltos, livres, sem mãos, sem pressa, às vezes com corridas, às vezes mais demorados demos a volta à quinta para ver todos os animais. 


Desafiámos alturas, vimos além, fizemos perguntas, rimos com cada travessura, (re)conhecemos alguns animais. saltámos, corremos, pulámos, fizemos conquistas e trouxemos muitos sorrisos.


Que bom que é termos uma escola rodeada de lugares por descobrir e que nos fazem tão mais ricos!

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Uma escola que é um espaço de encontros

Mudámo-nos para a escola nova há pouco mais do que um mês e já sentimos que a possibilidade de encontros duplicou... nesta escola temos uma infinidade de oportunidades de encontros com outros pares, outros adultos e crianças mais velhas. Hoje vamos falar sobre os convites que temos recebido e que nos têm enchido o coração.

A primeira proposta veio da Sala da Xana. Os irmãos mais velhos queriam convidar os seus irmãos mais novos para uma atividade que eles próprios tinham feito há uns anos na creche e que os tinha marcado de forma especial. Assim a ideia começou. Cedo percebemos que algumas crianças não tinham irmãos na escola, então estas propuseram convidar outros amigos da creche para os poderem guiar neste desafio. No dia marcado seguimos até à sala da Xana e nem queríamos acreditar. Por todo o lado havia massa mágica colorida para brincar. Começámos a medo, depois mais expansivos e no final cheios de cor por todo o lado. Foi uma manhã de muita diversão.





Uns dias mais tarde outro convite. Desta vez, pelas mãos das crianças da Sala da Mónica. Queriam nos convidar para fazermos pintura de borboletas. Uma técnica que a Maria tinha aprendido em casa e partilhado na sala. No dia marcado eles vieram buscar-nos à sala e de mãos dadas subimos as escadas. Quando chegámos, sentimos o afeto e o cuidado com que todas as crianças mais velhas conduziam a atividade com os mais novos. Não foi um "fazer por eles", foi um "fazer com eles" e isso marca todo o momento. O trabalho que se desenvolve diariamente na nossa escola culmina aqui... neste respeito pelo o outro seja em que momento for. 


Fizemos as pinturas, tal como as crianças da sala da Mónica nos explicaram, encantámo-nos com a surpresa e o espanto do momento em que abrimos as folhas e vimos o resultado. E depois... depois fomos convidados a brincar em cada uma das áreas desta sala e usufruir da companhia dos nossos novos amigos que nos proporcionaram momentos tão deliciosos. 



Às vezes os encontros acontecem de pequenos momentos. Momentos menos organizados, menos pensados mas igualmente importantes.  São encontros espontâneos que proporcionam a felicidade de quem se encontra. A Maria recebeu a visita da mana na nossa sala e quis mostrar-lhe como gosta de brincar no faz-de-conta. Que momento tão especial viveram as duas. 


“A Creche é um espaço de educação em que o encontro com o outro, a brincadeira, a ampliação dos repertórios linguísticos, sociais e culturais acontece de forma privilegiada, mediante a acção social pelo corpo, pelas trocas e pela descoberta”

(Ângela Coutinho)