quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

O que é isto? É cheiro!

Na reunião da manhã a Francisca mostrou aos amigos uma caixinha cheia de umas pequenas casquinhas com um cheirinho muito especial. Conversámos e a resposta à pergunta o que seria aquilo era unânime. "É cheiro!" 

Mas que cheiro seria. Pegámos nas casquinhas e fomos perguntar às outras salas. Descobrimos que aquele cheiro, era cheiro de eucalipto. Mas não sabíamos bem o que era eucalipto, então passámos pela biblioteca, escolhemos alguns livros e levámos para a nossa sala. Também pedimos ao Tio Mário, que trouxesse alguns ramos de eucalipto de Castelo de Bode, para ver de onde vinham aquelas casquinhas. 

Em pouco mais do que uma semana tinhamos o nosso projeto pronto. Convidámos, então, as salas da Carmo, da Carolina, da Marta Reis e da Mariana para ouvirem a nossa comunicação. Comunicámos o projeto duas vezes. Cada vez com mais segurança. De regresso à sala pendurámos o nosso cartaz na parede para nos lembrarmos sempre dos projetos maravilhosos que fazemos na nossa sala e dos quais temos tanto orgulho. 


Aqui fica o nosso cartaz: 


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Matemática com legos

As brincadeiras à volta do lego são sempre muitas e é nos vários momentos de jogo que lhes descubro interesses matemáticos, sejam eles à volta das cores ou do número. Esta semana, numa das tardes da nossa agenda, coloquei no chão uma cartolina preta e várias peças de lego escolhidas com um propósito. Rapidamente, quando eles regressavam do lanche, sentaram-se, em jeito de roda, à volta das peças e começaram as observações:


- Estão aqui peças verdes…eu já fiz um avião - disse o Miguel Santos
-  E aqui há vermelhas. - apontou a Maria Estima. 
- Só há uma peça branca - observou o Xavier. 
- E aqui há azuis - disse a Francisca. 
- Há laranjas - disse o Miguel Santos -  e amarelas temos duas - continuou a Maria Dias - e há quatro verdes. - concluiu o Eduardo. 
- Vermelhas são 5 - disse a Maria Estima…e laranjas são 3 - afirmou o Miguel Carola. 
- Azuis são...1, 2, 3, 4, 5, 6, são seis - contou a Francisca. 
- Há peças diferentes: uma peça verde pequena e uma grande - observou o Miguel Santos. Esta e esta têm forma de retângulo e esta é um quadrado - acrescentou a Maria Estima 
- Se esta é grande e esta é pequena…qual é esta? - perguntei lembrando a história dos 3 ursos. 
- É média - respondeu a Maria Estima. 
.- Muito bem e agora se juntássemos as peças de legos por cores…pode ser? - desafiei. 


Depois de juntarmos as peças por cores e percebermos que todas tinham número diferente, a Patrícia sugeriu agruparmos as peças. Foi assim que surgiu, com muita brincadeira e diálogo à mistura, o conceito de conjunto.  


E depois de fazermos os conjuntos com o apoio do adulto, foi a vez das crianças repetirem a brincadeira e consolidarem os conceitos de número, conjunto e relembrarem as cores.


Em Creche, a construção comparticipada de conceitos, acontece, em grupo e através da brincadeira, num momento lúdico e de jogo. 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Projeto dos Pinguins

No quotidiano de uma creche, muitas são as vezes que as crianças partilham connosco visitas que fazem ao Oceanário. O Oceanário já faz parte das visitas culturais de muitas famílias e, por esse motivo, também surge nos diálogos do dia a dia, nas partilhas das conversas sobre o fim-de-semana e sugere curiosidades infinitas sobre os animais que ali vivem.

"O modelo do MEM propõe um currículo baseado nos problemas e motivações da vida real e uma escola profundamente integrada na cultura da sociedade que serve" (Folque, 1999). As crianças em idade de Creche quando visitam o Oceanário e vêm um animal pela primeira vez, vão, naturalmente, questionar-se sobre este animal: Quem é? Onde é que ele vive? O que é que ele come? Será que pode morar na nossa casa? Foi isto mesmo que aconteceu na nossa sala. Até porque estas questões também são as suas questões sobre mundo. Uma criança que frequenta a creche está numa fase plena de conhecimento profundo e detalhado sobre o mundo. Está numa fase de construção pessoal e de conhecimento sobre o papel que desempenha na sociedade. É por isso natural que questione sobre o que viu ou viveu.

A ida do Miguel Santos ao Oceanário já aconteceu no Verão, mas a curiosidade ficou lá. Quando, agora, pelo Natal, o Miguel viu um pinguim na árvore de Natal da nossa escola, a pergunta surgiu: "Mas Marta, afinal o que é um pinguim?"

Levámos a pergunta ao grupo e logo outras questões surgiram: "Será que os pinguins comem cenouras?" "Os pinguins podem viver nas nossas casas?" Foi a partir destas questões que iniciámos a nossa pesquisa. Fomos buscar alguns livros à biblioteca e ao folhearmos fomos descobrindo novas informações:

 "Vivem em família!"
"Põem ovos!"
"Vivem no gelo"
"Têm uma mãe e um pai"
"Tem um bico"


A pesquisa deu origem a uma intensa produção cultural. Os mais variados desenhos e pinturas sobre pinguins foram surgindo na nossa sala e ao mesmo tempo que algumas respostas eram encontradas, íamos ampliando o conhecimento das crianças com leituras de histórias e mais informações sobre os pinguins. 


Juntos, crianças e adultos, fizemos um livro onde escrevemos, desenhámos e colámos toda a informação que recolhemos. No final, convidámos a sala da Carolina para ouvir a nossa comunicação, porque acreditamos na importância da partilha de conhecimentos, assim como percebemos que ao comunicar, apropriamo-nos ainda melhor do que aprendemos. 


"Aqui o projecto surge como sentido, como cultura, e esse sentido é o de organizar o olhar, a escuta, as energias, os sujeitos e as acções para responder a desejos e aspirações que são sempre necessidade de desenvolvimento inter e intrapessoais. Projectos que comprometem, descobrem os obstáculos e procuram os meios de os vencer. Esta cultura de projecto remete o acto de educar para um outro paradigma: já não transmissão de informação sem ligação como o vivido, mas o aprender como meio de compreensão e acção sobre os quotidianos, orientado para a resolução dos problemas e das dificuldades, provocando novas e mais intensas questões para nos fazermos todos (educadores e educandos, animadores e animados) mais cultos e melhores cidadãos." (Peças, 1999)

sábado, 12 de janeiro de 2019

Afinal o Gato

Esta semana tivemos a peça "Afinal o Gato", da Associação, na nossa escola. Esta peça é um espetáculo de promoção da leitura para bebés e crianças, com poesia de Fernando Pessoa, música de Joaquim Coelho e imagem de Mafalda Milhões. 

A partir da frase  “Gato que brincas na rua como se fosse na cama” tudo começa. Entre músicas, poemas, frases, expressões fomos convidados a entrar na peça e a perguntar: "Mas afinal onde está o gato? Dentro do sapato? Dentro do poema? Dentro do livro? Dentro de nós?" 


Um dos objetivos primordiais da escola é oferecer às crianças experiências culturalmente ricas e variadas. A riqueza das experiências culturais que vivemos na infância, influenciam o interesse de cada um de forma avassaladora. O acesso à cultura é uma das nossas missões. Sem a cultura a escola não passa de um lugar vazio, sem sentido. É por este motivo que procuramos promover na creche, pelo menos uma vez por mês uma atividade/experiência cultural significativa.

Depois de nos deixarmos envolver na peça e de trazermos para dentro da sala as canções que ilustram o espectáulo, trabalhámos o poema de Fernando Pessoa. 


O poema exposto na parede, serve de mote à lenga-lenga cantada que, de vez em quando, nos lembramos de trautear. Que bom é ter Fernando Pessoa à distância de um olhar.