No quotidiano de uma creche, muitas são as vezes que as crianças partilham connosco visitas que fazem ao Oceanário. O Oceanário já faz parte das visitas culturais de muitas famílias e, por esse motivo, também surge nos diálogos do dia a dia, nas partilhas das conversas sobre o fim-de-semana e sugere curiosidades infinitas sobre os animais que ali vivem.
"O modelo do MEM propõe um
currículo baseado nos problemas e motivações da vida real e uma escola
profundamente integrada na cultura da sociedade que serve" (Folque, 1999). As crianças em idade de Creche quando visitam o Oceanário e vêm um animal pela primeira
vez, vão, naturalmente, questionar-se sobre este animal: Quem é? Onde é que ele vive? O que é que ele come? Será que pode morar na nossa casa? Foi isto mesmo que aconteceu na nossa sala. Até porque
estas questões também são as suas questões sobre mundo. Uma criança que frequenta a
creche está numa fase plena de conhecimento profundo e detalhado sobre o
mundo. Está numa fase de construção pessoal e de conhecimento sobre o papel
que desempenha na sociedade. É por isso natural que questione sobre o que viu ou viveu.
A ida do Miguel Santos ao Oceanário já aconteceu no Verão, mas a curiosidade ficou lá. Quando, agora, pelo Natal, o Miguel viu um pinguim na árvore de Natal da nossa escola, a pergunta surgiu: "Mas Marta, afinal o que é um pinguim?"
Levámos a pergunta ao grupo e logo outras questões surgiram: "Será que os pinguins comem cenouras?" "Os pinguins podem viver nas nossas casas?" Foi a partir destas questões que iniciámos a nossa pesquisa. Fomos buscar alguns livros à biblioteca e ao folhearmos fomos descobrindo novas informações:
"Vivem em família!"
"Põem ovos!"
"Vivem no gelo"
"Têm uma mãe e um pai"
"Tem um bico"
A pesquisa deu origem a uma intensa produção cultural. Os mais variados desenhos e pinturas sobre pinguins foram surgindo na nossa sala e ao mesmo tempo que algumas respostas eram encontradas, íamos ampliando o conhecimento das crianças com leituras de histórias e mais informações sobre os pinguins.
Juntos, crianças e adultos, fizemos um livro onde escrevemos, desenhámos e colámos toda a informação que recolhemos. No final, convidámos a sala da Carolina para ouvir a nossa comunicação, porque acreditamos na importância da partilha de conhecimentos, assim como percebemos que ao comunicar, apropriamo-nos ainda melhor do que aprendemos.
"Aqui o projecto surge como sentido, como
cultura, e esse sentido é o de organizar o olhar,
a escuta, as energias, os sujeitos e as acções
para responder a desejos e aspirações que são
sempre necessidade de desenvolvimento inter
e intrapessoais. Projectos que comprometem,
descobrem os obstáculos e procuram os meios
de os vencer. Esta cultura de projecto remete o
acto de educar para um outro paradigma: já
não transmissão de informação sem ligação
como o vivido, mas o aprender como meio de
compreensão e acção sobre os quotidianos,
orientado para a resolução dos problemas e das
dificuldades, provocando novas e mais intensas questões para nos fazermos todos (educadores e educandos, animadores e animados)
mais cultos e melhores cidadãos." (Peças, 1999)