Na creche existe a tendência de darmos às crianças tudo já pronto a ser explorado. A nossa perspetiva adultocêntrica condiciona muitas vezes a nossa ação. Por vezes é preciso parar e refletir sobre como aprendem os bebés, sobre como se relacionam com o mundo e os objetos ao seu redor. É preciso valorizar a ação social dos bebés. Claramente seremos surpreendidos sobre o saber fazer que bebés e crianças pequenas já têm.
Desde o início do ano que andamos de volta da organização do espaço da sala e percebemos com as crianças o que faz falta e o que lhes faz sentido. Foi assim que decidimos fazer o nosso mapa de aniversários. O mapa de aniversários surge como instrumento do grupo, onde temos fotografias de todos - adultos e crianças - e respetivas datas de aniversário.
Para fazermos este mapa eu propus que fizéssemos digitinta. Em cima de uma mesa deixei várias garrafas de tinta. À vez, cada um escolheu a cor que quis utilizar, pegou na garrafa, levou-a até à mesa, abriu-a ou teve ajuda para a abrir e depois de espalhada a tinta em cima da mesa pôde experimentar esta técnica de expressão plástica.
A forma como cada um reagiu a esta nova atividade também foi muito interessante. Alguns espalharam a tinta (quase) até aos ombros, outros tocaram e depois decidiram não fazer (a não participação também é uma forma de participação e não devemos esquecê-la), outros houve que a par e passo, com calma e segurança passaram por todas estas fases: observar, tocar com apenas um dedo, depois uma mão e em seguida outra até espalhar toda a tinta na mesa.
No final sempre aquela reação de espanto e capacidade de se surpreenderem, fosse com a tinta na pele, fosse com a estampagem na folha... cada momento que se viveu, viveu-se com prazer e tempo de exploração.
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