sábado, 3 de fevereiro de 2018

Da complexidade das brincadeiras do faz-de-conta

Às vezes tiro um bocadinho do meu dia só para os observar. É muito comum intrometermo-nos nas suas brincadeiras, quando achamos que podem não ser brincadeiras totalmente seguras, quando existe um conflito, quando a nossa visão adultocêntrica tem algo a dizer sobre o que estão a fazer. É um treino, este observar sem interferir... e é tão bom. 

As brincadeiras de faz-de-conta são sempre um deleite. E é vê-los a complexificar as brincadeiras... desde o início do ano para agora. Ver as suas conquistas, a forma como nos imitam, as estratégias que encontram, as relações que estabelecem. Não há nada mais rico que poder apenas observá-los e aprender com eles. É destas observações que surgem as notas de campo que depois apoiam os registos de avaliação que fazemos em creche. 


A Inês foi buscar uma panela, um prato e uma colher à área do faz-de-conta e trouxe para a mesa central. Mexeu a sopa na panela, passou a sopa da panela para o prato e depois foi dar a sopa à bebé que repousava no tapete da biblioteca. 


A Maria foi buscar à Área do faz-de-conta, um balde de limpar o chão (deixou a esfregona e o espremedor na casinha), um bebé e uma colher. Sentou-se no tapete, pegou na bebé ao colo como faz uma mãe que alimenta o seu filho. Do balde fez prato e foi assim que deu a comida ao boneco que tinha no colo. 


A Maria foi buscar uma caixa à Área dos Jogos de chão e construção e colocou um bebé lá dentro. "Embalava" a caixa e o bebé enquanto fazia Shhhh, Shhh, Shhh! O Eduardo aproximou-se e decidiu embalar a caixa com a Maria. Os dois assim percorreram a sala entre Shhhs e gargalhadas. 


Em pouco mais de 5 minutos já não havia caixas na área dos jogos e construções. Os jogos estavam todos no chão. Também já não havia bebés na área do faz-de-conta, mas havia muitos "pais" e muitas "mães" a embalar os seus filhos!


E depois o engraçado é que as brincadeiras se repetem e repetem durante semanas. Sempre com uma novidade, sempre com uma nova conquista. Eles imitam-se a aprendem uns com os outros. Nós... nós só nos resta observar!

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