domingo, 28 de fevereiro de 2016

O medo de fazer culinária numa sala onde há alergias!

No armário da minha sala eu tenho três injeções de adrenalina, dois xaropes anti-histamínicos, uma embalagem de comprimidos S.O.S.. Não, não estou a falar de uma enfermaria, é uma sala de um jardim-de-infância onde, por acaso, estão crianças com diversas alergias. Viver a infância com restrições não é fácil, mas é possível. Tenho medo? Sim... tenho medo. Mas ultrapasso cada dificuldade, cada dia, com uma boa sensação de realização. Na minha sala não há giz no quadro de lousa. Quando vou ao parque tenho de ter atenção máxima por causa das abelhas, se alguma aparecer e picar aquela criança, o caminho é o hospital. Se alguém trouxer marisco de casa para comer, tenho de pensar em dividir o grupo em duas salas. Os dias de festa de aniversário são experiências radicais. Controlar bolos, sumos, cupcakes, chocolates e guloseimas não é tarefa fácil. Aprendi a ler rótulos há muito tempo, quando com o meu primeiro grupo, existia uma balança na sala para contar proteínas. Está-me a ser muito útil essa experiência, novamente este ano. Sempre que alguém traz umas bolachas para partilhar com os amigos, eu rezo para que venham acompanhadas de uma receita - como foi pedido no início do ano - para ter certeza que aquela criança pode comer. Os dias de culinária na sala são verdadeiras aventuras. 

Antes, eu fazia culinária na sala, impreterivelmente, de quinze em quinze dias. Quando as primeiras restrições foram aparecendo, eu fui ficando com medo e fui deixando gradualmente de fazer culinária na sala. Ai o medo. O medo apoderou-se de mim. "E se o chocolate que vou usar tem vestígios de frutos secos, como vou fazer scones sem farinha de trigo, qual o bolo que não leva ovos, que frutas posso usar numa salada de frutas? " As perguntas assolavam-me como pequenos e agudos alarmes, daqueles que nos fazem ficar a doer a cabeça. A solução mais fácil e cobarde foi ir gradualmente deixando de fazer culinária na sala. Sem cozinha na escola nova, tinha a desculpa perfeita para não fazer culinária nunca. 

Mas, cada vez que olhava para a agenda e em letras gordas lia "Culinária" sentia-me cobarde. O medo apoderou-se de mim e estava a corroer-me. Há uns dias tomei a decisão de não sentir mais medo, de ultrapassar as dificuldades e conseguir que todos na sala pudessem passar por esta experiência incrível e enriquecedora que é meter as mãos na massa, contar gramas, pesar numa balança, misturar ingredientes e sentir o prazer de comer o que prepararam. Uma oportunidade, acima de tudo, daqueles que têm alergias, não se sentirem excluídos. 

A força para esta mudança, não foi interior, não  veio de dentro... a força para esta mudança veio das crianças, das suas sugestões no diário, das suas vontades e desejos. A proposta veio da Matilde: "Queremos fazer panquecas!" Ai, o que eu tremi. A Matilde não pode comer trigo, nem leite e só há algum tempo teve alta para os ovos. Não desviei a conversa, não ignorei o pedido. Enchi-me de força... da força que eles me passam. Pedi ao tio Mário uma máquina para fazer panquecas, pedi à mãe da Matilde farinha de espelta, pedi à Cristina (na escola velha) que me mandasse ovos, de casa levei um saco com varinha mágica, taças, fiambre de peru, queijo, açúcar, canela, manteiga e o livro de receitas antigo que escrevi quando saí de casa da minha mãe. 

No dia marcado, duas taças de cor diferente, dois pratos de cor diferente, muito cuidado para não misturar ingredientes, não contaminar uma massa com a outra. De um lado a farinha de espelta, do outro a farinha de trigo. De um lado um grupo de amigos com a Matilde, do outro um grupo de amigos com o Eduardo - o Eduardo não pode comer espelta! 

No final, a certeza que não podia ter sido melhor. Venham daí mais dias de culinária, venham daí mais receitas que podemos fazer. Vão se embora os medos... Um dia de cada vez, uma receita de cada vez. Uma certeza: É possível! 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Five o'clock tea!

Terminámos o projeto de Londres da melhor forma que poderíamos terminar: a Mariana, mãe da Carminho, sugeriu terminar este projeto com um "Five o'clock tea". Bem, na nossa sala teve de ser um bocadinho mais cedo... mas soube-nos tão bem!!! À hora marcada, com uma pontualidade britânica, a Mariana chegou com duas grandes cestas de scones. Juntámos dois maravilhosos chás e tivemos o lanche mais "british" do ano. 



Obrigada Mariana por esta tarde maravilhosa!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Londres mais perto que nunca

Há um tempo atrás, numa reunião da manhã, a Matilde e a Madalena A. traziam notícias parecidas: A mãe da Madalena ia para Londres em trabalho e o Pai da Matilde estava em Londres a trabalhar. As perguntas começaram a surgir. Que sítio é esse? O que se faz lá? A Sofia já tinha visitado Londres, o ano passado, nas férias. Os pais do Afonso também já lá tinham estado num fim-de-semana em que ele ficou em casa da Matilde. Londres passou a estar na ordem do dia! Todos queriam saber coisas sobre Londres. Mandámos um email aos pais que estavam pela cidade, para nos trazerem toda a informação que pudessem. Impossível descrever em palavras tudo o que recebemos... seguem-se imagens. Imagens do material que recebemos, do cartaz que fizemos, do projeto que concluímos, com imensas perguntas respondidas. Hoje foi dia de comunicação. Que orgulho ver este grupo partilhar, desta forma, com as salas da Marta e do Álvaro, tudo o que aprenderam. 


Sabiam que em Londres as casas são feitas de tijolo laranja ou vermelho, numa construção típica da cidade e que há um bairro que é todo às cores? 

Sabiam que em Londres se conduz ao contrário e o volante é do lado direito? Que as pessoas preferem andar de bicicleta, metro ou de autocarro, porque a vida por lá é muito cara?

Sabiam que Londres tem imensos monumentos e museus para visitar? Que é uma cidade cheia de espetáculos, musicais e teatros... que há mais de 100 salas com espetáculos para as pessoas poderem ver?

Sabiam que em Londres há esquilos nos parques e que mesmo perto do rio Tamisa há uma roda gigante - o London Eye - de onde se vê toda a cidade?

E, sabiam que em Londres há uma princesa de verdade e um príncipe. Que há uma rainha? Uma rainha que tem muitas jóias e guardas? 


Sabiam que Londres tem uma rainha porque existe lá uma monarquia e que nós temos um presidente da República? 


Foram tantas, tantas as coisas que aprendemos!!!


Este projeto não teria sido o mesmo sem o contributo das famílias... recebemos mapas, postais, bilhetes de avião e de metro, recebemos fotografias e (não podíamos deixar de falar disto) recebemos a mais bela carta de amor, do Mundo... de um tio ternurento para um sobrinho doce! Confiram aqui: "From London with love!"


Depois de tanta aprendizagem, de tanta descoberta e de tão grande partilha, terminámos este projeto de coração cheio e com um sentimento de "asas nos pés." Sim, nesta sala, todos sentimos que podemos voar. 


Passem pela nossa sala e vejam com os vossos próprios olhos, a riqueza deste projeto!

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Teatro dos Super Três

Quando um grupo tem uma organização tal, que chegamos a este ponto sem (quase) nenhum apoio de nenhum adulto! Num destes dias, o António informou-nos que ele, o Afonso S., o Guilherme, o Manuel e o Eduardo tinham pensado um teatro e que precisavam de ajuda para escrever a história que eles tinham criado e ainda algum apoio para fazerem as máscaras. Nós fomos isso mesmo, meros ajudantes de um projeto técnico que as crianças, com a sua voz ativa e participação efetiva realizaram.


Estão todos de Parabéns!!!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O tomate é um legume ou uma fruta?

Numa conversa, na hora do almoço, a Matilde e o Guilherme discutiam sobre o que seria o tomate: um legume ou um fruto? Pensamos normalmente nos legumes como algo que acompanha a refeição e na fruta como algo que comemos a seguir ou entre refeições. Fomos pesquisar e descobrimos que afinal não é bem assim: A diferença é  científica e, na verdade, depende em parte da planta ingerida. A maioria das plantas cresce a partir de sementes, que são produzidas no interior do órgão feminino da planta, o ovário. Uma vez desenvolvidos, a maioria dos ovários transforma-se num fruto que protege as sementes e promove a sua dispersão. O fruto é a parte da planta que contém as sementes e inclui melões, laranjas e até tomates e pimentos.


Durante alguns dias foram chegando muitos frutos diferentes que tínhamos o cuidado de abrir e perceber afinal do que se tratava, de um fruto ou de um legume. Na botânica a classificação faz-se da seguinte forma: tudo o que tem semente é um fruto, sendo a palavra legume usada para as outras partes comestíveis de uma planta, incluindo folhas (alface e tabaco), flores (brócolos), caules (aipo), tubérculos (batatas), bolbos (cebola) e raízes (beterraba). E ainda existem os fungos, onde se incluem os cogumelos.


Depois de feita a pesquisa e de sermos detentores do conhecimento, quisemos partilhar esta informação com a restante comunidade educativa. Fizemos um cartaz e fomos comunicar às outras salas as nossas descobertas. Para acompanhar levámos algumas frutas que partilhámos com os amigos! 


Queremos agradecer a todos os pais que contribuíram amplamente para este projeto. Não teria sido tão rico sem o vosso contributo. De casa chegaram tomates, bananas, pêra abacate, mangas, papaias, tangerinas, limões, pimentos, bróculos, maças, uvas.... Muito, muito Obrigada! 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Projeto da Estrelas

O bom de trabalharmos a metodologia de trabalho de projeto é podermos, quase sempre, sair da nossa zona de conforto e entrar por um mundo, não antes imaginado, na educação de infância. Quem imaginaria que crianças de 3, 4 e 5 anos se interessariam por nebulosas, estrelas anãs, hemisférios ou telescópios? Quem poderia dizer que crianças de 3, 4 e 5 anos saberiam que as estrelas têm hidrogénio e é isso que as faz brilhar, que há estrelas quentes e frias e que a sua luminosidade depende da distância a que se encontram da Terra. Pois é, mas eles sabem... eles adoraram aprender. Nós adorámos aprender com eles. O projeto, todo conduzido pela Patrícia, surpreendeu-me tanto e, a verdade, é que me deliciei com esta comunicação. 


Estão todos de Parabéns!

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Carnaval é festaaaaa!!!

O melhor do Carnaval é a felicidade das crianças. Sem dúvida que é o dia do ano em que eles andam mais felizes. Vestem os seus heróis, brincam como ninguém, inventam histórias, são príncipes e princesas durante todo o dia. Este ano não foi diferente. 

E porque é Carnaval...


...há Hulks no parque, que com força de gigante, empurram carroceis a alta velocidade!


E porque é Carnaval... Diabinhos e princesas fazem amizades!


E porque é Carnaval... há mais Elsas e Anas do que durante todo o ano!


E porque é Carnaval... os super-heróis juntam-se em roda na defesa de amigos e conhecidos!


E porque é Carnaval... vestimos a pele uns dos outros!


E porque é Carnaval já ninguém diz nada dos crescidos também brincarem!
Assim, só por hoje nós fingimos que não brincamos todo o ano, apenas no Carnaval!!! 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Para que servem os números?

Depois desta maravilhosa conversa, que todos se devem recordar, começaram a chegar à sala vários trabalhos e outros tantos relatos sobre para que servem os números. Durante a semana foram chegando, cada vez mais, utilidades numéricas. 


Depois de tantas partilhas decidimos fazer um trabalho coletivo que nos ajudasse a organizar a informação, e ainda, nos servisse de auxiliar de memória, quando exposto na nossa sala. 



Todos contribuíram, e no meio da realização do trabalho ainda surgiram mais funcionalidades dos números. Que riqueza... este trabalho!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Momentos (só) nossos!


Quando o piquenique na área do faz-de-conta ocupa mais de um terço da sala!


Leituras em escadinha, na biblioteca da sala!


Coincidências boas na reunião da manhã!


A entreajuda e o recurso aos materiais da sala, quando precisamos de marcar as faltas!


Partilhas no Recreio!

São momentos como estes que, todos os dias, nos enchem o coração!