segunda-feira, 14 de setembro de 2020

O regresso

Estou de regresso, numa altura em que o blogue faz ainda mais sentido. As portas das escolas estão fechadas às famílias. Os pais pouco ou nada entram nas escolas e a relação diária de abraços e troca de palavras que tínhamos, faz-se agora de forma mais escassa e adaptada. O blogue sempre foi uma janela aberta ao mundo para mostrarmos o que fazemos em sala e agora, mais que nunca, é necessário abrirmos janelas e sentirmos o afeto que continuamos a viver dentro da escola. 

Setembro chegou e com ele, uma sala nova, alguns amigos novos e muitoooos novos procedimentos. Os pais já não entram na sala, mas pelo período de adaptação das crianças que estão pela primeira vez na escola, encontrámos forma de termos um espaço transitivo. A adaptação faz-se no recreio. Os pais despedem-se dos filhos com calma, sem beijos apressados e sem um nó no coração. As crianças ficam a brincar e neste tempo em que pais e filhos exploram o espaço, estabelecemos relações e construímos pontes de confiança. As crianças que já estão adaptadas e com muitas saudades da escola, regressam mais cedo à sala com a Drica (auxiliar de ação educativa) para poderem explorar o novo espaço e assim evitar que estejamos em demasia no recreio. Quando os pais se sentem confortáveis, e as crianças estão bem, despedem-se e seguem rumo aos seus trabalhos. Nós juntamo-nos ao restante grupo (não sem antes lavar mãos) e conhecemo-nos todos melhor. Alguém fica responsável pela higienização do recreio e materiais.  Com crianças de 2 anos (na minha opinião, com crianças seja de que idade for) não há distanciamento social. Há um apostar forte na higienização, desinfeção, lavagem de mãos, etc. Somos pelo bem estar emocional, somos pelas relações e pelos afetos e neste novo caminho que seguimos só uma certeza: não largamos a mão de ninguém. Sorrimos mais com os olhos, aprendemos novas formas de nos expressar, aproveitamos os momentos de distanciamento para mostrar um sorriso, abraçamos, damos colo, lavamos mais vezes as mãos, mudamos mais vezes de bata, mas ninguém nos tira o amor, ninguém nos rouba a relação. 


A descoberta dos jogos a pares


Os materiais de artes visuais todos ao alcance das crianças, para poderem escolher, explorar, experimentar o que querem fazer. 


A área do faz-de-conta, a biblioteca da sala... Todos os materiais estão acessíveis às crianças. O cuidado que tivemos passa por ter vários "kits" de materiais que rodam conforme a utilização. Após a utilização são lavados/vão para a higienização e ficam outros no seu lugar. E depois voltamos a trocar e a trocar. Há uma dança de materiais mas nunca uma ausência dos mesmos. As crianças precisam de objetos para explorar, para descobrir, para inventar, para se apropriarem, para se relacionarem com o outro e com o mundo. 

E claro... dar o devido valor e importância ao espaço exterior e ao brincar. Tanto e tanto que podemos fazer neste enorme recreio que temos à porta da sala. Temos muita sorte. 

P.S. - Prometo ainda atualizar muitas das coisas que vivemos entre o último post e o de hoje. Por cada post novo, um mais antigo. 

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